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Ivan Castro

A difícil tarefa de escolher a escola ideal

Atualizado: 25 de mar. de 2020


São frequentes os relatos de pais quanto à dificuldade de encontrar uma escola ideal para os filhos.

Existem relatos de pais que trocaram os filhos três vezes de escola em 2 anos ou cinco vezes em 3 anos.

Uma criança não se adaptar a uma determinada escola é normal, mas quando o processo se repete, os pais precisam ligar um sinal de alerta. O problema normalmente está em casa, e não nas escolas.

​Uma pesquisa recente com pais no Brasil revelou que, na hora de escolher uma escola, os critérios por ordem de importância são:

1. Desempenho dos alunos no ENEM e aprovação no vestibular.

2. Atividades extracurriculares.

3. Infraestrutura.

4. Uso da tecnologia.

5. Qualificação dos professores.

6. Reputação da escola.

7. Opinião do estudante.

O critério mais importante sequer apareceu na relação: o perfil socioemocional da criança.

Os pais precisam primeiro conhecer o perfil socioemocional dos filhos. Isto envolve:

1. Perfil das múltiplas inteligências – Quais as duas inteligências em que a criança manifesta mais dons?

2. Perfil do temperamento – Qual o perfil do temperamento da criança?

3. Necessidades motivadoras – Qual a necessidade motivadora predominante na criança?

4. Alavanca da mente – Qual a melhor alavanca para trabalhar a mente da criança?

5. Valores – Qual a matriz de valor intrínseca que a criança absorveu em casa?

6. Crenças limitantes – Quais crenças limitantes que a criança herdou dos pais que podem comprometer as relações interpessoais na escola?

Estes conceitos da aprendizagem socioemocional são fundamentais na escolha da escola ideal para seu filho.

Traçar o perfil socioemocional não só ajudará a escolher a escola ideal, como a perceber falhas na educação que a criança está recebendo em casa.

Durante todo o dia, a escola, em sua programação normal e pós-escolar, deve reforçar a aprendizagem socioemocional ensinada pelos pais, e ainda oferecer oportunidades para as crianças e os jovens vivenciarem na prática as habilidades e competências socioemocionais desenvolvidas.

Não esperem que as escolas desenvolvam essas habilidades e competências. O programa da escola deve estar alinhado com a educação socioemocional que os pais estão dando em casa.

Países como Canadá, China, Coreia do Sul, Dinamarca, Finlândia, Inglaterra, Irlanda, Noruega, Singapura, Suécia, Romênia e dezenas de outros deram início a esse processo no início do século XXI. (saiba mais sobre o movimento ASE no mundo em nosso blog)

Inicialmente a ASE deve ser ministrada em todos os funcionários da escola; simultaneamente, a escola deve envolver os pais no programa de aprendizagem socioemocional.

Todos os cases de sucesso seguiram a mesma fórmula.

​A Inglaterra introduziu a ASE na base curricular do país em 2001. Este programa recebeu o nome de SEAL.

Atualmente o programa recebe fortes críticas por ter dado muito certo em algumas escolas, e não ter apresentado nenhum resultado em outras.

O case da Inglaterra serve como alerta ao Brasil, que introduziu o ensino de habilidades socioemocionais como diretriz na BNCC – base nacional comum curricular – a partir de 2019 para a educação infantil e o ensino fundamental e, a partir de 2020, para o ensino médio.

A base curricular orienta os currículos, mas deixa livres as metodologias, respeitando as diferenças socioculturais de cada região.

As escolas da Inglaterra em que o projeto SEAL foi bem avaliado foram aquelas em que o programa foi levado aos pais; por outro lado, as que receberam uma avaliação ruim foram aquelas em que a aprendizagem socioemocional foi introduzida como uma disciplina acadêmica, e só determinados professores foram capacitados.

A maioria das escolas que deram início à introdução da ASE no Brasil estão seguindo o mesmo caminho do programa SEAL da Inglaterra.

Atualmente pesquisadores, educadores, empregadores e pais perceberam que a aprendizagem socioemocional e as habilidades não acadêmicas são importantes para o sucesso na escola e na vida.

É importante ressaltar que essas habilidades e competências se desenvolvem e estão em interação dinâmica com atitudes, crenças e mentalidades, além de caráter e valores, os quais estão fundamentalmente ligados às características do ambiente familiar.

Os pais são responsáveis, mesmo que de forma intrínseca e inconsciente, pela formação dos pilares socioemocionais dos filhos.

A base da aprendizagem socioemocional é o ambiente familiar.

​Pais e familiares são parceiros críticos no desenvolvimento dos conhecimentos socioemocionais das crianças, modelando habilidades socioemocionais, atitudes e comportamentos que queremos que as crianças dominem na vida adulta.

Uma nova base de evidências identificou um conjunto de habilidades essenciais para o desempenho escolar, para a preparação e adaptabilidade de nossa futura força de trabalho e para evitar uma ampla gama de problemas de saúde da população.

​Por mais essenciais que sejam, não nascemos com as habilidades que nos permitem controlar impulsos, fazer planos e manter o foco.

Nascemos com o potencial para desenvolver essas capacidades, dependendo de nossas experiências durante a primeira infância, a infância e a adolescência.

Nossos genes fornecem o modelo, mas os primeiros ambientes em que as crianças vivem deixam uma assinatura duradoura nesses genes.

Essa assinatura influencia como esse potencial genético será manifestado, ?nos quais as crianças confiarão ao longo de suas vidas.

Essas habilidades se desenvolvem através da prática e são fortalecidas pelas experiências nas quais são aplicadas e aprimoradas. Fornecer o apoio de que as crianças precisam para desenvolver essas habilidades em casa, na comunidade, pré-escola e em outros ambientes que experimentam regularmente deve ser uma das prioridades dos pais.

Escolher uma escola pelo resultado do ENEM é o maior equívoco que um pai pode cometer em pleno século XXI.

O WEF – Fórum Econômico Mundial – de 2020, realizado entre os dias 21 e 24 de janeiro, em Davos, Suíça, atualizou as relações de competências e habilidades socioemocionais para o mercado da década que se inicia.

​No encontro, foi lançado o projeto “Revolução da Requalificação”, um chamado principalmente ao G20 – países com as 20 economias mais fortes – para que, juntos, governos, empresários, universidades, escolas e pais, possamos viabilizar a requalificação de 1 bilhão de pessoas até 2030. (Saiba mais na síntese do relatório “Revolução da Requalificação” em nosso blog.)

O relatório mostrou que os atuais profissionais do mercado, mesmo aqueles formados na última década, não estão aptos a preencher os 133 milhões de vagas que irão surgir até 2025 e termina com a seguinte frase: “As pessoas não poderão ser deixadas para trás.”

Segundo pesquisas realizadas pelo psicólogo norte-americano Daniel Goleman, durante uma década, junto a diversos CEO das maiores empresas americanas, o que vai decidir de 80% a 90% do sucesso do seu filho não é o conteúdo que ele recebe nas aulas, denominado como conhecimento inerte – conhecimento teoricamente existente, que não pode ser aplicado na prática.

​Questionado, na época, sobre se estaria afirmando que a inteligência emocional era responsável por 90% do sucesso de uma pessoa, ele respondeu: “Nunca disse isso!”

Ele afirmou que de 80% a 90% do êxito das pessoas de sucesso que ele pesquisou vieram de uma ampla gama de habilidades não acadêmicas.

Elas se desenvolvem ao longo de nossas vidas e são essenciais para o sucesso na escola, no trabalho, no lar e na comunidade.

Na época, o conceito da aprendizagem socioemocional (ASE) ainda não estava em evidência.

Atualmente Goleman já escreveu um excelente livro sobre o tema, "O Foco Triplo", e se tornou um dos maiores defensores da ASE no mundo.

Se o conteúdo do ENEM fosse mesmo o principal fator, por que nossos jovens formados na última década não se encaixam no mercado, segundo o Fórum Econômico Mundial de 2020? (Saiba mais no artigo "5 passos antes de escolher uma escola" em nosso Blog).


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